quinta-feira, 9 de julho de 2009

Uma crônica sobre moda íntima

Por Vitor Martins (1° período)


Minha primeira credencial de imprensa em um evento de verdade. Aquilo iria ficar guardado para sempre na minha memória. Enquanto espero no saguão de entrada por meu crachá e meu colete, escuto uma voz grave que saía dos alto-falantes:

“Atenção. Em casos de incêndio ou pânico, as saídas de emergência blá, blá, blá.”

“PÂNICO!” penso. “Estamos em uma feira de moda íntima. O que poderia me causar pânico?”
Finalmente chegam com meu passe de entrada para o grande evento. Observo cada detalhe nos primeiros corredores, até encontrar um cartaz enorme com a foto do Ronaldo Esper. De repente o lance do pânico faz todo o sentido para mim.

Começo a perguntar aos meus colegas que estavam no evento desde cedo, se já havia rolado algum grande furo de reportagem. Me falaram sobre um barraco entre duas modelos no restaurante. O lugar não aceitava cartão de crédito, e elas só ficaram sabendo disso depois de comerem suas 250g de salada. Sem opção, elas teriam que escolher entre lavar pratos até 10 da noite, ou vomitar todo o almoço. Creio que escolheram a segunda opção, afinal, já faz parte das modelos esse negócio de vomitar.
Fora isso, nada de relevante tinha rolado na feira. Eu teria que conseguir minhas notícias por mim mesmo. Enquanto ando pelos corredores lotados, tento olhar apenas para as pessoas bonitas (tarefa difícil!) e esquecer todos os meus problemas. Esquecer que eu não arrumo meu quarto desde o fim de semana, e a bagunça me espera em casa. Esquecer que eu tenho um livro com mais de 600 páginas para terminar de ler. Esquecer que o Michael Jackson morreu. Até que... “Thiller!”

Foi só pensar em MJ, que ele estava lá, feito um zumbi. Músicas do rei do Pop tocam em um estande, chamando atenção para um desfile que está começando. Levando em consideração que na última semana o ÚNICO assunto na TV, nos jornais, na internet e no Twitter foi a morte de Michael, penso que eu deveria fugir daquela maldita música. Mas algo me chama atenção.
As modelos começam a desfilar pela passarela com máscaras medievais. Lá no fundo, uma foto do Raj da novela das oito sem camisa. Tento organizar as idéias: Michael Jackson, máscaras medievais e Caminho das Índias. Nada faz sentido.
Desisto do desfile, e quando me viro, encontro o que eu procurava! A tão comentada caixa de vidro. Bem no meio do salão, uma cabine transparente chama minha atenção. Dentro dela pessoas seminuas dançam de maneira engraçada. Talvez eles tenham a função de seduzir, sei lá.
Com gestos estranhos, duas garotas e dois caras sibilavam alguma coisa do tipo “Me liga” para todos que encaram a caixa. Como se estivessem em um reality show ou coisa parecida.

Uma mesa dentro da cabine cheia de embalagens de Doritos e garrafas de Vodka empilhadas. Por um segundo sinto vontade de ser gostoso o suficiente para ganhar 400 reais + vale gás para passar um dia inteiro dançando descoordenadamente em uma caixa de acrílico usando uma cueca de oncinha e um chapéu de cowboy.
No segundo seguinte a vontade passa. Volto para a realidade e meus colegas me chamam para ir embora. “Mas passou tão rápido!” penso. E quando vejo, estou rachando uma corrida de táxi com cinco pessoas.

Fazemos um resumo do que vimos, enquanto vou pensando no que vale a pena ser comentado nesta crônica. Hoje lá estarei eu de novo. Ouvi dizer que Ronaldo causador de pânico Esper estará lá. E tenho certeza que as coisas vão ficar mais divertidas. Afinal, tudo é mais engraçado quando tem um ladrão de vasos de cemitério envolvido na história!

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