segunda-feira, 27 de julho de 2009

COMUNISEG - O papel da imprensa na segurança

Cel. Hudson, Liliane Souzella, Raphael Gomide, Eduardo Castellano,
Jorge Antonio Barros, João Antonio Barros,
Ana Paula de Miranda e Andre Luis dos Santos

Foto: Raul Moreira
O papel da Imprensa na cobertura de segurança pública foi o tema da última mesa de debates da Conferência Municipal de Segurança Pública de Nova Friburgo. E mostrou a atuação de jornalistas no município do Rio, revelando falhas e apontando reivindicações da categoria no sentido de que é necessária uma maior transparência e relação de confiança entre as forças de segurança e os profissionais de mídia.

Jorge Antonio Barros (editor de O Globo e autor do blog Repórter de Crime), João Antonio Barros (setorista de segurança de O Dia) e Raphael Gomide (repórter da sucursal Rio da Folha de São Paulo), que acumulam inúmeros prêmios de jornalismo, falaram sobre a atuação da imprensa, numa palestra que foi mediada pela antropóloga Ana Paula de Miranda, da Universidade Federal Fluminense, e que escreve no blog Casos de Polícia, do jornal Extra.

A mesa foi marcada pela descontração. Ana Paula, que foi presidente do Instituto de Segurança Pública do Governo Estadual durante anos, brincou dizendo que, naquele momento, estava do outro lado. Depois de ter sido sabatinada anos a fio pelos jornalistas presentes, nas entrevistas coletivas que dava para divulgar os números da criminalidade no Estado, ela se via na condição de entrevistadora.
Os três jornalistas apresentaram um resumo de suas atividades. Jorge Antonio Barros destacou que a imprensa evoluiu muito na cobertura de segurança, que hoje é encarada com mais respeito, conta com profissionais especializados, preocupados em contextualizar os fatos e não apenas divulgar notícias de crime.

João Antonio Barros apresentou dois vídeos que mostraram as últimas reportagens investigativas feitas pelo jornal O Dia, comentou sobre as dificuldades que os jornalistas enfrentam para atuar na área de segurança, mencionando o fato de uma equipe ter sido seqüestrada e torturada quando apurava uma reportagem sobre a milícia nas favelas cariocas, e falou sobre a necessidade de que as forças de segurança tenham mais confiança no trabalho da imprensa.

Raphael Gomide, da Folha de São Paulo, falou sobre sua experiência na premiada reportagem “O Infiltrado”, em que ele passou um mês em treinamento no curso para a Polícia Militar, depois de ter enfrentado sete meses de processo seletivo no concurso de ingresso na corporação. Ele falou dos problemas enfrentados pelos policiais, criticou a atuação violenta de agentes, mas relatou também o drama vivido pelos PMs, estigmatizados pela sociedade, que não tem noção dos perigos enfrentados pelos policiais.

O momento de maior descontração de toda a conferência ficou justamente por conta do encerramento desta mesa sobre a Imprensa. O consultor da Força Tarefa de Ordem Urbana, major Eduardo Vaz Castellano, reencontrou-se com o “aluno” Raphael Gomide. O major foi um dos instrutores do grupo em que Gomide estava infiltrado e os dois não se viam desde então. Ao lado do cel. Hudson de Aguiar Miranda, Castellano cumprimentou o ex-aluno e ficou sabendo que, ainda sem ter seu nome mencionado (por questões éticas, o jornalista da Folha de S.Paulo não citou os envolvidos, já que eles não tinham conhecimento da condição de Gomide no grupo), irá virar personagem de livro, a ser lançado por Gomide no final do ano.

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