domingo, 3 de maio de 2009

Lei pode proibir motos de circular entre carros

Por: Orlando Castor (7º período)


Quem nunca se assustou com uma moto que passa muito próxima ao carro, com um motociclista que muda de faixa de repente? As motos são sinônimo de perigo em alta velocidade e esse problema passa perto de milhares de friburguenses todos os dias. São manobras arriscadas, que acabam em acidentes, muitos fatais. Um projeto no Congresso quer mudar o Código de Trânsito, proibindo que as motos circulem entre os carros.
A discussão divide opiniões. Há quem diga que a medida acabará com a rapidez nas entregas. É um consenso difícil, mas o projeto pode virar lei.O problema é que, como todos sabemos, algumas leis aqui no Brasil simplesmente não pegam. Apenas a discussão do projeto já levanta uma série de dúvidas, principalmente com relação à fiscalização. Nas ruas e avenidas da cidade todos reparam nos abusos: o espaço entre os carros é mínimo. Em Nova Friburgo, no final da tarde, quando o trânsito para, motoqueiros cortam por entre os carros para ganhar tempo.
“É muito perigoso. As motos vêm rápido demais e podemos ser atropelados. Alguns motociclistas é que, passando entre os carros, ainda se preocupam em buzinar avisando que estão passando”, comenta a universitária Danielle Martins.
Comerciantes denunciam que vale passar até por onde parece que não vai dar. Em ruas com carros demais, quem está na moto pode usar a contramão para escapar do nó no trânsito todos os dias.“Eu tento entender que as entregas precisam ser feitas em um prazo estipulado, mas eu sempre vejo da loja onde trabalho as aventuras desses motoqueiros. São muito corajosos porque arriscam a vida deles e a dos outros por pouca coisa”, explica o comerciante Carlos Cunha.
Quem pilota moto pode até se esquecer que dirigir sem capacete é falta gravíssima e podem perder sete pontos na carteira e pagar multa. Algumas delas ainda circulam sem placa. E os problemas refletem em estatísticas: nas ruas da cidade do Rio, por exemplo, um motoqueiro morre por dia.
Em Friburgo, as motos representam 11% da frota de veículos emplacados na cidade, mas estão envolvidas em metade dos acidentes, quando também o número de vítimas cresceu 20% em relação aos últimos cinco anos. Os números mais recentes do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) são de 2006. Mostram que, em todo o país, quase 20 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito. Desses, três mil estavam em motocicletas.
Para tornar o trânsito mais seguro, na cidade de São Paulo foi criada a faixa preferencial para motos em algumas avenidas. Mas os motoristas não respeitam. No Congresso, um projeto em discussão cria uma nova norma: proíbe motociclistas de circular entre os carros. Eles também ficariam proibidos de trafegar entre um veículo e a calçada. A multa prevista nesses casos seria de R$ 85 e a fiscalização feita pelos órgãos municipais de trânsito.
Os motoqueiros não gostaram da proposta.“Vai ser complicado respeitar porque os motoboys são muito apressados. As empresas exigem que eles andem no limite, mas impõem prazos para a entrega”, explica o motoboy Rogério Gomes.“Vai ser mais uma lei para ser esquecida. Quem vai ficar em todos os cantos das grandes avenidas fiscalizando? Com uma regra dessas vai ser melhor andar de carro. Imagina cada moto atrás de um carro... como o trânsito no Paissandu iria ficar ainda mais complicado”, sugere Félix Maia, também motoboy.
Essa ideia não é nova. Em 1998, passaria a fazer parte do então novo Código Brasileiro de Trânsito. Mas a presidência da República vetou este dispositivo. Naquela época, o Brasil tinha 3 milhões de motos. Hoje, a frota é quase cinco vezes maior.O projeto segue agora para o Senado, mas a decisão final será mesmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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