sábado, 2 de maio de 2009

Moedas em falta no comércio

Por: Orlando Castor (7º período)


Andando pelo comércio de Friburgo é possível notar a quantidade de lojas que usam o “preço quebrado”, moda que começou em São Paulo, nos grandes estabelecimentos, e ganhou o país. Estratégia de marketing, o “preço quebrado” seriam os famosos 1,99 ou 19,99 por exemplo. Na hora do troco ao consumidor é que surge um problema que se agrava a cada dia: a falta de moedas circulando na cidade. Já existem estabelecimentos que pedem desesperados pelas moedinhas que andam escassas nas carteiras dos brasileiros.
Uma grande rede de lojas agradece quem traz o porquinho cheio de moedas. Já uma rede de farmácias incentiva seus funcionários a trocarem moeda no local de trabalho na busca pelo troco. Há alguns anos, essa rede causou polêmica na cidade do Rio: pagava R$ 12 para quem trouxesse R$ 10 em moedas.
O problema da falta de moedas é antigo, que começou quando os tempos de inflação alta ficaram para trás em 1994, ano em que o Brasil conseguiu estabilizar a economia com o Plano Real. As moedas, que antes perdiam o valor rapidamente, deixaram de ser desprezadas. Resultado: a cultura do cofrinho cheio se espalhou pelo Brasil. Hoje o Banco Central estima que, de cada 100 moedas cunhadas no país, 50 estão guardadas em algum cantinho das casas do país. São sete bilhões de moedas, o que representa R$ 1,5 bilhão fora de circulação.
“Existe falta de moedas para troco. As pessoas preferem andar com dinheiro e deixam as moedinhas em casa, dão para as crianças juntarem ou ficam esquecidas no fundo dos bolsos. Moeda de um centavo, então, virou artigo de colecionador. Ninguém pede troco de um centavo, até porque não temos o troco para entregar”, explica Pablo Gomes, balconista de uma papelaria no Centro da cidade.
A economista Miriam Lund, do Ministério da Fazenda, avisa: dinheiro parado é dinheiro perdido.“Quem junta moedinhas e tiver 10 reais por mês, se colocar numa poupança, em dez ano vai ter 1.800 reais. E a Casa da Moeda calcula que existam mais de 300 milhões de reais em moedinhas de um centavo esquecidas por aí”, calcula.
Dinheiro ocioso também tem custo. Para fazer justamente as moedas que estão em falta por aí, é preciso gastar mais do que o que elas valem. A Casa da Moeda paga R$ 0,16 para fazer uma moedinha de R$ 0,10. A de R$ 0,05 sai por R$ 0,13. A de R$ 0,01 está com a fabricação suspensa.

O que fazer com uma cédula danificada?
Dê uma olhada na carteira. Você sabe quanto vale o seu dinheiro? Pois é bom ficar atento. Ele pode custar bem mais caro do que se imagina. Podem existir várias receitas para fazer o dinheiro durar mais. No entanto, por ser papel e ter grande circulação, a durabilidade sempre é menor.“Brasileiro não aceita nota velha, feia, com um pequeno rasgado. No comércio, ele pede uma nota mais nova e quando recebe uma nota mais antiga, logo trata de passá-la para frente. Se tornou algo bem peculiar da nossa cultura”, comenta Miriam Lund.
Quem receber uma nota danificada deve levá-la a uma agência bancária para que ela seja retirada de circulação. Mas se a cédula estiver muito estragada, será encaminhada ao Banco Central. O portador do dinheiro recebe um recibo e só vai ter o valor ressarcido se a análise do Banco Central apontar que a nota ainda tem validade. Cédulas furadas, riscadas ou sem alguns pedaços – todas neste estado foram retiradas de circulação, mas ainda são consideradas válidas pelo Banco Central. Até um pedaço de nota não perde o valor.
A cada ano, o Banco Central gasta R$ 200 milhões para substituir mais de 1,5 bilhão de cédulas desgastadas e danificadas no país. Quem paga a conta são os cofres públicos, ou seja, os contribuintes. Trata-se de um desperdício que poderia ser evitado com cuidados simples.“Não rasgar, não rabiscar, não pegar com as mãos sujas, mãos molhadas, conduzir sempre as cédulas em carteiras para que elas não fiquem dobradas dentro do bolso”, orienta a economista Miriam Lund.

0 comentários:

Blog Widget by LinkWithin